APASEM ENTREVISTA #02: A “explosão” da cultura do amendoim no Brasil
Há menos de dez anos, a cultura do amendoim no Brasil era considerada rústica e mantinha uma cadeia produtiva informal. Os agricultores utilizavam parte dos grãos colhidos para plantio na próxima safra, as chamadas sementes reservadas. Mas essa realidade ficou bem para trás…
De acordo com a Superintendência de Agricultura e Pecuária no Estado de São Paulo (SFA-SP), cresce a utilização de sementes de categoria superior e produzidas sob as normas estabelecidas pelo Ministério da Agricultura. Para se ter uma ideia, na Safra 2015/16 estavam inscritos sete produtores de sementes de amendoim e quase 8 mil hectares de campos de produção instalados. Já na Safra 2023/24 eram quase 30 os produtores de sementes, com mais de 32 mil hectares de campos. Ou seja, a área quadruplicou.
O Pesquisador Ignácio Godoy, que trabalha com amendoim há mais de 45 anos, explica pra que servia o amendoim antigamente. O Dr. Ignácio comenta em que momento se deu esse crecimento expressivo da oleaginosa.
Cultivares utilizadas na cultura do amendoim brasileiro têm sido desenvolvidas por empresas e entidades como o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), onde o Dr. Ignácio trabalha. O IAC, por sinal, é um grande melhorista na área e a maior parte das sementes utilizadas hoje é proveniente do melhoramento do instituto. O professor explica como esse trabalho se dá por lá. Para o Dr. Ignácio Godoy, este impulso na cultura do amendoim não existiria se as sementes não fossem certificadas.
Dos quase 30 produtores de sementes certificadas cadastrados no Ministério da Agricultura, 25 estão em São Paulo, um no Mato Grosso e outro em Goiás, de acordo com o Agrônomo Guilherme Uitdewilligen. Ele atua como responsável técnico de uma empresa de Tupã e já trabalhou na cooperativa Coplana, de Jaboticabal, uma das maiores produtoras de amendoim do país. Guilherme explica que São Paulo concentra 90% das plantações de amendoim do Brasil. O Agrônomo calcula que entre 65% e 70% da área cultivada no país utilizam sementes certificadas.
O amendoim é plantado uma vez por ano, geralmente no período de início das chuvas – setembro ou outubro, podendo se estender até novembro ou dezembro. Dependendo da variedade, a colheita é mais precoce, entre 120 e 125 dias, ou mais tardia, por volta de 150 dias. 70% do amendoim produzido no Brasil é exportado e 30% permanece no mercado doméstico, explica Guilherme.
O LAS da Apasem (Associação Paranaense dos Produtores de Sementes e Mudas), de Ponta Grossa, acaba de realizar uma avaliação de algumas amostras de sementes de amendoim. A pesquisadora do LAS pontagrossense, Juliana Veiga, conta pra nós os principais resultados. Juliana avisa que tanto o LAS de Ponta Grossa, como o LAS de Toledo da Apasem, estão prontos para receber amostras de produtores do Brasil inteiro.
Quer saber mais sobre a história da cultura do amendoim e o trabalho de análise de sementes da Associação Paranaense dos Produtores de Sementes e Mudas? Acesse o site www.apasem.com.br, siga a entidade nas redes sociais e não deixe de ouvir os podcasts da Apasem no Spotify.
Imagem: Podcast Apasem